
Por Eliane Evanovich, MSc., 2004.
A visão utiliza apenas uma banda muito restrita do espectro electromagnético constituída por comprimentos de onda situados entre 390nm e 770nm, conhecida como a "luz visível"; ou espectro visível. Comprimentos de onda inferiores a 390 nm são absorvidos pela camada de ozônio da atmosfera, e radiação de comprimento de onda mais longo que 770 nm são atenuadas pelo dióxido de carbono, pelo vapor de água e pelo ozônio existentes, na atmosfera. (Goldsmith, 1991).
A sensibilidade à luz (fotossensibilidade) confere aos animais mais simples, a habilidade de se orientarem a partir da luz do sol e das estrelas. Aos animais mais complexos, fornecem respostas rápidas e detalhadas sobre um objeto e ambiente. Durante a evolução, os elementos básicos que possibilitam a fotossensibilidade: as rodopsinas, foram preservados.
Uma molécula de rodopsina, consiste de uma molécula a opsina, de um grupo prostético com capacidade de ser estimulado pela luz o 11-cis-retinol, que está localizado no centro da opsina. Quando o 11-cis-retinol é excitado, sua forma se modifica, alterando assim, a conformação da opsina, desencadeando uma série de processos bioquímicos que por sua vez desencadeiam a transmissão dos impulsos nervosos. Estes impulsos viajam pelos nervos até o cérebro, na área do córtex que analisa estas informações, onde serão interpretados e traduzidos em imagens. Nos olhos dos vertebrados a rodopsina está localizada em neurônios modificados, de dois tipos, cones, responsáveis pela visão em cores e bastonetes (visão preto e branco). Cada uma destas células apresenta um segmento externo (zona altamente especializada contendo pilhas de membranas onde se localiza a rodopsina), um segmento interno (contém os organitos celulares habituais) e um terminal sináptico (zona de comunicação com outros neurônios).
Foram identificados 5 tipos de cones, os que absorvem comprimentos de ondas eletromagnéticas curtos com cerca de 465-492 nm (para a cor azul, chamado S- Small), médios de 492- 577 nm (verde, chamado M- Medium) e longos, de 622-780nm (vermelho, chamado L- Long). O quarto tipo, está presente em passariformes, outras aves, e rato são os cones UV ('true UV' cone) que absorvem espectros ultra-violetas (inferiores a 455 nm). Outros mamíferos, como o Homem possuem cones para a cor violetas (390- 455nm).
O gene Pax 6 é responsável pelo controle da morfogênese dos olhos. O estudo desse gene em metazoários sugere que o protótipo de todos os tipos de olhos é o mesmo, tendo uma origem monofilética (Gehring & Ikeo,1999; Fernald, 2000).
Ele foi isolado no Homem, camundongo, peixe zebra, galinha, ouriço do mar e mosca de fruta. Mutações encontradas nesse gene em insetos e mamíferos causa redução ou ausência de estruturas dos olhos.
Em primatas e roedores, os genes que codificam os cones estão localizados no cromossomo X. Os macacos do Velho Mundo e hominóides (Homem e Grandes Macacos) apresentam visão tricromática, ou seja, possuem os 3 tipos de cones, e macacos do Novo Mundo tendem à visão dicromática, apresentando 2 tipos de cones (geralmente, S e M) embora as fêmeas possuam padrão polimórfico para esta característica, ou seja, as fêmeas podem ter os 3 tipos de genes da opsina, exceto para o gênero Alouatta que tem múltiplas cópias dos genes do cromossomo X, inclusive da opsina, portanto tanto os machos quanto as fêmeas geralmente apresentam visão tricromática (Heesy& Ross, 2000).
Em 1990, as seqüências de aminoácidos das opsinas de várias espécies (drosofila, cefalópode, ovelha, galinha, bovino, rato e homem) foram comparadas. Todas as opsinas apresentaram seqüências similares. Entre os vertebrados, os bastonetes são bastante conservados, estima-se que, durante a evolução, os genes dos bastonetes se duplicaram por e por subseqüentes mutações originaram os genes dos cones.
Pela comparação de DNA foi possível propor que os cones de uma espécie ancestral, seriam sensíveis a longos intervalos de comprimentos de onda (absorção de >500 nm a < 500 nm), característica que parece ter sido importante durante a radiação dos vertebrados. Esse arranjo ancestral tem sido mantido em sua forma original, principalmente entre os primatas do Velho Mundo.
http://www.biociencia.org/index.php?option=content&task=view&id=106
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