domingo, 30 de agosto de 2009

A visão dos bichos Decifre conosco o enigma de como enxergam coelhos, cavalos, gaviões...





Tape o olho direito e observe tudo ao seu redor sem mexer a cabeça. Faça o mesmo tapando o olho esquerdo. Por último, observe o ambiente com os dois olhos abertos. Reparou que você tem uma visão mais restrita daquilo que está à sua direita quando tapa o olho direito e que seu campo visual à esquerda também é mais limitado quando você tapa o olho esquerdo?
Se não reparou, repita o teste e comprove! A seguir, responda: por que formamos uma imagem quando tapamos o olho direito, formamos também uma só imagem quando tapamos o olho esquerdo e formamos ainda uma única imagem, em vez de duas, quando estamos com os dois olhos abertos? Você acha que um coelho também enxerga assim? E um cavalo? E um gavião? Siga a leitura para decifrar o enigma da visão dos bichos!
A visão única que nós, humanos, conseguimos formar deve-se, em primeiro lugar, ao fato de nossos olhos serem paralelos, isto é, de estarem alinhados lado a lado na nossa face. Quando os olhos estão abertos, a luz atravessa a córnea, a pupila e o cristalino para formar, na retina, uma imagem. Cada olho forma a sua e a envia instantaneamente para o cérebro. As duas imagens que chegam ao cérebro são imediatamente superpostas e nós, então, temos a impressão de uma visão única.


A disposição dos nossos olhos, paralelos e capazes focalizar um mesmo ponto, também nos permite uma visão tridimensional, ou seja: conseguimos perceber a altura, a largura e a profundidade de tudo aquilo que observamos. Alguns animais enxergam de forma parecida com a dos humanos, como é caso dos macacos e dos felinos. Mas a verdade é que cada bicho tem a visão adaptada à sua necessidade.
Os predadores, em geral, têm os olhos localizados na parte frontal da cabeça, de tal forma que podem se voltar para a mesma direção e calcular a exata distância da caça. Esses animais, assim como o homem, formam uma imagem em cada retina e essas se sobrepõem no cérebro formando uma só. É a chamada visão binocular.
Por sua vez, os animais que pastam -- como coelhos, cavalos, veados e vacas -- têm os olhos localizados em cada lado da cabeça. Para eles a percepção de profundidade não é tão importante quanto a visão completa, panorâmica, porque estão mais interessados em evitar os predadores do que em caçar. Assim, o cavalo, por exemplo, pode ver em todas as direções sem mexer a cabeça, mas sua visão tridimensional do mundo é muito limitada.
Como se vê, ter dois olhos não significa ter uma visão binocular. A extensão do campo visual binocular dos animais é determinada quase que exclusivamente pela posição dos olhos na cabeça. Chamamos de campo binocular a área onde a visão de um olho se sobrepõe a do outro. Quanto mais laterais estão os olhos de um animal, menor é o seu campo visual binocular.


Todo animal que é presa -- seja ele peixe, ave ou mamífero -- depende de um eficiente sistema de alerta para evitar ser devorado. Um coelho, portanto, necessita de uma visão panorâmica muito mais do que de uma visão a distância como a da leoa, que é predador.
O coelho, anote aí, pode enxergar 360 graus a sua volta! A natureza lhe propicia essa visão para que ele possa se proteger. A leoa, por sua vez, não tem grandes preocupações com predadores, mas necessita de uma visão capaz de enxergar um coelho correndo a muitos metros e ainda poder avaliar com precisão à distância dessa presa.
Então, seja lá qual for o bicho, para sobreviver é preciso ter olho vivo!
Ciência Hoje das Crianças 138, agosto 2003
Beatriz Simões Correa
Médica - Sociedade
Brasileira de Oftalmologia

http://cienciahoje.uol.com.br/view/1969

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